Guaxe: um verdadeiro artesão da natureza!


Em um passeio pela região de Garuva, SC, avistamos estas curiosas “sacolinhas” sendo embaladas pelo vento, no alto de uma árvore. Estas preciosidades, na verdade, são ninhos de Guaxe (Cacicus haemorrhous ), habilmente construídos pelas fêmeas. Elas o tecem em formato de bolsa, com 40 a 70 centímetros de comprimento, utilizando-se de vegetais e pequenos galhos cuidadosamente entrelaçados.

Geralmente os fixam em locais baixos próximos da água, árvores no interior da mata ou em palmeiras na borda da floresta. Para enganar os predadores, elas constroem vários abrigos e botam seus ovos em apenas um deles. O número de ninhos por árvore varia bastante e já foram encontrados 59 ninhos em uma única árvore. Este modo de nidificar em colônias garante maior proteção aos filhotes. 


Os guaxes são poligínicos ( um macho tem várias fêmeas). Curiosamente há uma hierarquia em relação à posição dos ninhos na colônia. As fêmeas dominantes ficam com os ninhos em posições mais protegidas, enquanto as mais novas ficam com os ninhos das bordas. Normalmente são postos de dois a três ovos a cada ninhada. Os ovos são brancos com pontos e manchas avermelhados e roxos.

Seu canto é alto e mistura belos assovios a sons roucos.

O guaxe adulto possui coloração preta brilhante, com uma mancha vermelha na parte superior da cauda, íris azul e bico amarelo-esverdeado claro.  A única diferença entre o macho e a fêmea é o tamanho. O macho mede entre  27 a 29,5 cm e a fêmea entre 21,5 a 24 cm. 


Sua dieta é essencialmente frugívora. Consome frutos como o camboatá e diversas espécies de embaúbas. Alimenta-se também de néctar e flores.

Este pássaro, que também é conhecido também como japiim-de-costas-vermelhas, japiim-do-mato, japim-guaxe e japira, foi imortalizado pelo maestro Waldemar Henrique, grande compositor do folclore brasileiro, em uma de suas canções: Japiim

Meu branco não chama desgraça
Tupã do céu pode ver
Japiim é alma penada
Por isso não deve morrer
Japiim foi a flauta de Tupã
Só cantava de manhã
Para o sol se levantar
Por seu canto
Era a terra despertada
E, na selva, a passarada encantada
Se calava para escutar…
Por isso, meu branco eu lhe aviso
Não mate mais Japiim
Anhangá que zela por ele
Persegue a quem lhe der fim.